A vida é uma barriga de surpresas



Esse texto foi pubicado há alguns meses no "Mamãe foi quem Disse" e resolvi publicá-lo agora para que possam entender um pouco mais dos meus rebentos.



Sou brasileiro, nascido em São Paulo e casado há 7 anos (não tivemos essa famosa crise) com Katy, peruana, e vivemos em Lima. Ela está à espera de gêmeos fraternos e espontâneos. Será o primeiro caso de múltiplos em sua família e segundo na minha nos últimos 100 anos.

Fui blogueiro nos 90s e hoje, voltei a me apaixonar por escrever ao falar sobre por seus futuros filhos, pela ideia de aprender sobre eles, gestação, vida e pela sublime palavra que ressoa em meu coração: a de ser de pai. Visto que não encontrei muitos blogs em português de pais que escrevem sobre filhos/múltiplos, exceção para alguns como o “Diário Grávido” de Renato Kaufmann que relata sua filha Lucia, ou o “365 Dias em Dobro” que cita os gêmeos fraternos Lorena e Lorenzo, idealizei o meu: “Em Nome dos Pais de Múltiplos”. É um lugar onde posso publicar experiências, crônicas e algumas dicas para pais, homens principalmente, de primeira viagem como eu. Curiosos por informações sobre pais e filhos, mais exatamente, sobre gêmeos. Espero que aos poucos , esse blog se torne uma ferramenta de utilidade pública também.

Katy tinha quatro (pasmem) óvulos fecundados, segundo o primeiro ultrassom que fizemos. Meus amigos espíritas disseram que ela teve quatro porque a fila da reencarnação estava cheia – adorei a explicação e não duvido. O doutor Da Silva, nosso ginecologista peruano e de raízes portuguesas, disse que nesse exato momento haviam 2 em desenvolvimento normal, 1 que poderia vir a ser outro embrião e o último que somente fecundou e seria absorvido. A sensação era de estar em um tiroteio de emoções, pois passei de um filho, na teoria, de haver sido quase pai de quadrigêmeos, a possível genitor de trigêmeos ou nada! Felicidade em dobro? Expectativa por um terceiro? Tristeza pelo quarto ou alegria-desespero se houvessem quatro definidos? Não vou dizer que tudo são rosas ou que tudo é aterrador, nada disso, não use o medo como entrave. Foi uma sensação de alegria e desespero porque gerar um filho não é somente um ato reprodutivo, e sim, um ato de responsabilidade, de espiritualidade e principalmente de amor. Aqui no Peru dizem que “todo bebê vem ao mundo com um pão debaixo do braço”, isto é, que o nascimento é um presente que envolve traz coisas boas e não somente coisas ruins como muita gente pensa. Se fossem quatro, cada um teria de trazer uma baguete. O Dr. nos recomendou voltar em duas –i-n-t-e-r-m-i-n-á-v-e-i-s– semanas. Apesar de semanas atrás, antes de qualquer coisa, eu havia sonhado que teria gêmeos, mas depois do ultrassom acreditei piamente que seriam três. Cantarolava todos dos dias “Three Little Birds” de Bob Marley. Até criei um desenho de três passarinhos para homenageá-los. Alucinei “Os 3 Mosqueteiros”, “Os 3 Porquinhos” e etc. Mas antes, um fato inusitado mudaria a música. Dias depois ao exame, saí para trabalhar. Katy me chama por telefone e diz que um passarinho entrou à casa. Nunca havia passado algo assim. Segundo ela, era um passarinho roliço, pequenininho, que entrou a observar cada ambiente. Caminhou, não voou, somente bisbilhotou milimetricamente as dependências da casa. Até sair e ir-se. Como espiritualista, interpretei como se alguém dissesse “Viu!? O terceiro little bird reconhecendo onde viverá”. Não era. Estava a despedir-se… Catorze dias depois, confirmou-se a existência de dois, os outros foram absorvidos. No terceiro mês, com um ultrassom mais avançado, nos disseram que era um casal. No quinto mês, com uma 4D, confirmamos: Zoe e Mateo. Agora serão os irmãos The Carpenters ou dos The White Stripes? Ainda que a ideia poderia ser mágica, esse terceiro embrião que quase vingou, poderia complicar e muito a gravidez de Katy devido à posição em que estava, localizava-se muito abaixo, resultando em uma gravidez perigosa. Por algo não foi.

Sobre ter filhos? Eu sempre debreei sobre a ideia de trazer alguém para esse plano existencial. Se eu não cuidar de mim, como cuidarei de outra pessoa? Contrito, digo que o espiritismo me ajudou muito com isso. Não digo que é a melhor saída para todos, mas foi para mim. Acredito nos meus medos, mas minha fé de que essa vida também será incrível para eles, são o motor e motivo para que eu os ame incondicionalmente. Deve-se querer a um filho muito antes de que esteja na barriga, é querer durante a gestação e óbvio, depois de nasça. Aconselho que aproveitem cada dia da gestação, cada segundo. Tenho certeza que eles nos escolheram.  Ademais, cada trimestre culminado traz muitas emoções, expectativas vencidas e novos planos.

Tranquila ou não, a gestação é uma responsabilidade diária, um ato aeróbico e olímpico para a mente, um estado espiritual que desopila a alma, um exercício anaeróbico e heroico para o coração. Os filhos já nos ensinam muito antes de encontrarem o óvulo. Um embrião, do tamanho da cabeça de um alfinete, pode gerar emoções atômicas. Não creiam nos pontos negativos como embuste, mas sim, como ensinamentos para ser um melhor pai e uma melhor mãe como os nossos foram. Em toda, ou qualquer situação, sempre mantenha a mente em estado ohm, não enferruje o sorriso e alimente seu coração e alma com paz e harmonia.

Entre amigos aqui em Lima e de São Paulo, teremos 28 nascimentos em 2013. Somos os únicos que terão múltiplos. Até agora são 10 meninas e 11 meninos. Contando-se Zoe e Mateo.








































Trilha
Dessa Vez - Nando Reis
O Nome - Arnando Antunes
Hoje - Paulo Miklos
Mil e Um Perdões - Sergio Britto
Renata - Kleidermann
Isso - Titãs

 
 

10 comentários:

  1. Lindo texto e lindíssima Zoe!!! Também acho que os filhos nos ensinam antes mesmo de encontrar o ovulo.... na vida de alguns ensinam mais do que muitos podem imaginar!!!
    Bjus
    http://seraquevousermae.blogspot.com/

    **to sentindo sua falta la no meu cantinho! rsrs

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    Respostas
    1. Liga não, além de escorpiana sou dramática também hahaaaaa
      Sim sou de Sampa (e da Capital!!!!!), e quando meu curumim chegar siiimmm podemos nos encontrar, adoraria da um cheiro (sou muito de cheiros! rsrs) em Zoe!!!!
      Bjus e obrigada! =)

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  2. Espiritismo é uma dádiva de consolação <3
    Agradeço a Deus por ter a oportunidade de ter recebido esse conhecimento. Que alegria, que maravilha, saber dos "mistérios do mundo". Aproveitando o engate, já leu o livro Nossos Filhos são Espíritos? É muito bom!!! Recomendadíssimo!!!

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  3. Eu adorei tanto esse texto quando foi publicado no MMQD que quis conhecer o seu blog e cá estamos! Rsrsrsrsrsrsrs

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  4. Que coisas Linda Jorge.
    Encantada com o texto!
    Zoe é lindíssima!!!

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  5. Lindo post! "Deve-se querer a um filho muito antes que ele esteja na barriga". Adorei!

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  6. O que estas crianças não fazem por nós, concordo plenamente quando fala que somos pais e sentimos que temos este amor pra dar, muito antes de sabermos da gravidez de nossas amadas.

    Saúde aos pequenos tricolores!

    Saudações!

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  7. Passando para agradecer o comentário deixado lá no meu blog!!!! Tudo de melhor para vc e sua família!!! Abraço!!!!

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  8. Oi, Jorge! Eu não tinha lido esse texto antes, então obrigada por publicá-lo agora, adorei! Lindo, tanto amor! Fiquei uns dias sem acompanhar os blogs, então comento aqui também sobre o post que você falou do médico que acompanhava vocês: médicos são pessoas antes de tudo. E pessoas erram. E a gente tem que aprender que não é porque o cara é médico que ele sabe tudo ou que voce deve confiar cegamente nele. Que bom que vocês trocaram de médico e se sentiram mais acolhidos. Isso é fundamental nesse momento tão intenso, de estar gerando uma vida, de estar trazendo os nossos filhos pra esse mundo.
    Beijos! Rita

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  9. Que post fofo, emocionante, bonito de se ler e guardar e ler e reler.
    Aqui o espiritismo me ajuda muito, me acalma, me anima e me dá coragem para ser a melhor mãe que posso ser.


    "Deve-se querer a um filho muito antes que ele esteja na barriga". Frase do dia, perfeita.

    Abraço meu amigo, e beijos nas tuas meninas lindas.

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Os escolhidos

Os escolhidos
Sim, porque eles nos escolheram.

Quem sou eu

Minha foto
Nasci em 1976 em São Paulo/Brasil - Brasil. Vivo em Lima/Peru. São-paulino, jornalista e pai de Zoe, minha amada filha com minha doce Katy, peruana de Lima. Sou um cara que escreve sobre experiências, crônicas e tudo que se relacionou com a gravidez múltipla dela e crescimento da filhota. Na semana 34 tivemos a ida de Mateo de volta ao paraíso. Zoe ficou para ilustrar nossa vida num 29/10/2013 e nasceu com 36 semanas. Uma prematurinha linda que cresce saudavelmente.